sábado, 29 de setembro de 2012

Flores e Saudades



É na ausência da razão limitadora, que me vejo mais sereno e verdadeiro, pois me encontro no ponto de partida e no ponto de chegada.

Eu gosto de flores, acho que elas são a maior declaração de pureza que se pode dar a alguém amado ou de se receber. As flores são para mim um conjunto de todo o simbólico que reside no verbo amar.
Três flores fazem parte do meu cotidiano:
- As rosas: São conhecidas por serem belas, mas muito cuidadosa, o que a torna perigosa, uma vez que seus espinhos podem deixar uma grande ferida, tal como sua beleza.
- As orquídeas são ainda mais belas e não tão cotidianas assim. Não demandam quase cuidado algum, o que de certa forma é bom, assim como ruim.
Posso citar todas as outras flores, mas a que realmente me empolga e a que eu mais me identifico é o girassol. Ele é lindo, possui um amarelo vibrante e chamativo e se não fosse por alguns detalhes até pareceria uma flor comum. O primeiro detalhe é que ela é uma flor grande e a segunda é que é a unica flor que conheço que segue a luz e o calor do sol.
O girassol ao meu ver é a flor mais bela ou melhor é a flor que está mais perto da perfeição. Ela não possui a beleza estonteante da orquídea ou é tão auto-suficiente, também não possui a beleza cotidiana da rosa ou seus espinhos protetores. A beleza do girassol é única e esse caráter não efémero me conquista nessa contemporaneidade líquida. Girassóis  são de tomar o ar.
Outro ponto a ser falado é a sua necessidade pela luz e calor do sol. Isso me faz pensar que o girassol tem uma leve vantagem em relação a todas as outras flores. Ela se mostra aberta para seguir aquilo que é de sua natureza, aquilo que se é, mas essa abertura a torna vulnerável e hoje em dia estar vulnerável é sinônimo de fraqueza. De maneira a me fazer acreditar que ela é sábia por saber que não pode com tudo.
Sua força vem daquilo que lhe é importante.

Falar de girassol e não lembrar de minhas "pretas" é quase impossível  uma vez que a primeira vez que falei sobre elas ou sobre a morte delas, foi para um girassol.
Perder alguém não é fácil, principalmente por atribuirmos a nós e aqueles que amamos a característica de imortal.
Creio que ter perdido duas das três mulheres mais importantes da minha vida naquele momento, me fez rever meus comportamentos com as pessoas que eu amo. Principalmente para mim não tive a oportunidade de dizer a elas o quanto eu as amo e o quanto orgulho eu sinto por elas terem sido pessoas tão genuínas e congruentes, por terem sido os pilares de minha educação e da minha pessoa como homem. E isso me assombra até hoje. E é por esse motivo que faço questão de dizer a todos que eu amo, o quanto eu os amo, ou que eu não ame, mas nutra um carinho grande.
Apesar de meus amigos dizerem que meus atos são "boiolísticos", não faz com que "eu" não me sinta bem, pelo contrario a sensação de dizer isso e saber que eles sabem disso é muito importante. Sei que as ações conseguem ir além das palavras, assim como também sei que o caminho inverso é proporcional.
Outra coisa que aprendi é que em momentos de perda ou de grande dor não se diz nada ou o que se diz seja acalmador e não clichês. Muitas vezes não a nada a ser dito, entretanto a um laço que deve existir e esse laço é regido pelo amor que você tem pelo outro.
Confiar em sua capacidade de basear suas ações nesse sentimento tornam-as mais congruentes.
Amar alguém nessa situação é o que é mais difícil, a necessidade de proteger pode vir a camufla-lo, entretanto é o que mais engradece a relação.



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